Proposta aprovada na CCJ permite ao Congresso
derrubar decisões do STF.
Para ministro do STF, PEC é inconstitucional 'de Deus ao último constituinte'.
Para ministro do STF, PEC é inconstitucional 'de Deus ao último constituinte'.
Mariana
Oliveira Do G1,
em Brasília
476
comentários
O
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou nesta
quinta-feira (25) que, se a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que
autoriza o Congresso a barrar decisões da Corte for aprovada, é "melhor
que se feche" o tribunal.
A
proposta, de autoria do deputado Nazareno Fontelles (PT-PI), prevê que, quando
o STF decidir pela inconstitucionalidade de uma emenda à Constituição, o
Congresso poderá reavaliar o ato do tribunal.
O que é a PEC 33?
|
A
proposta de emenda constitucional número 33 impõe limites ao poder do Supremo
Tribunal Federal. Na prática, o STF deixaria de ter a última palavra sobre
mudanças na Constituição. Leia
mais
|
Se
parlamentares discordarem da posição do Supremo, a questão, segundo o projeto,
será decidida em um plebiscito popular. A proposta também estabelece que, para
o STF declarar a inconstitucionalidade de uma norma, serão necessários os votos
de nove dos 11 ministros. Atualmente, bastam seis.
"Não
há nenhuma dúvida, ela é inconstitucional do começo ao fim, de Deus ao último
constituinte que assinou a Constituição. É evidente que é isso. Eles [CCJ]
rasgaram a Constituição. Se um dia essa emenda vier a ser aprovada é melhor que
se feche o Supremo Tribunal Federal. É disso que se cuida", afirmou Gilmar
Mendes após a sessão desta quinta.
Eles
[CCJ] rasgaram a Constituição. Se um dia essa emenda vier a ser aprovada é
melhor que se feche o Supremo"
Gilmar
Mendes, ministro do STF
(Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF)
O
ministro afirmou ainda que o tema não poderia ser aprovado por votação
simbólica. "É recomendado que haja cautela em relação a isso. O que ficou
entendido nesse episódio é o fato de uma matéria dessa gravidade ter sido
aprovada por aclamação, por votação simbólica, sem uma manifestação em sentido
contrário. É constrangedor, eu acredito, por uma comissão que se chama de
Constituição e Justiça. Onde está a constituição e a justiça nesta
comissão?"
Um pouco
antes, o presidente em exercício do Supremo, Ricardo Lewandowski, disse que
"não há crise" entre os poderes Legislativo e Judiciário. Na quarta,
a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou projeto que permite aos
parlamentares barrarem decisões do Supremo. A decisão repercutiu entre os
ministros da corte, que no mesmo dia manifestaram oposição ao projeto da
Câmara.
saiba
mais
- Alves diz que vai retardar análise de proposta que tira poder do Supremo
- Não há crise entre Congresso e Supremo, diz Lewandowski
Ainda na
quarta-feira, o ministro Gilmar Mendes emitiu decisão que suspendeu o andamento
do projeto de lei, defendido pela base governista no Congresso, que afeta o
funcionamento de novos partidos políticos.
Perguntado
se via com preocupação o fato de diversas questões do Congresso chegarem ao
Supremo, Lewandowski disse que "é assim que funciona a democracia" e negou
que haja uma crise.
"Creio
que os poderes da República estão funcionando normalmente. Estranho seria se
não houvesse atividade. A falta de atividades dos poderes é que é própria de
ditaduras, de regimes autoritários. Os poderes estão funcionando. Cada qual
toma as atitudes que entendem dentro de sua esfera de competência e assim é que
funciona a democracia. Quando os poderes agem dentro de sua esfera de
competência, a meu ver, não há o que se falar em retaliação. E muito menos
crise. Pelo contrário, os poderes estão ativos, funcionando e não há crise
nenhuma."
O
ministro Lewandowski está no comando do Supremo porque o presidente da corte,
Joaquim Barbosa, viajou para os Estados Unidos, onde deu palestra na
universidade de Princeton e participou de evento da revista Time, que o elegeu
como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Barbosa retorna ao
Supremo nesta sexta.
Sobre a
decisão provisória do ministro Gilmar Mendes de suspender o andamento do
projeto que afeta os novos partidos, Lewandowski disse que a posição de Mendes
foi tomada dentro do regimento do STF. Segundo ele, a decisão não teria que
passar pelo conjunto de todos os ministros do tribunal. "Em mandado de
segurança [tipo de recurso que questionou o projeto], a competência é do relator",
disse.
tópicos:
Disponível: http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/04/se-pec-33-passar-melhor-que-se-feche-o-supremo-diz-gilmar-mendes.html,
acesso em 29/04/2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário