O
CARÁTER
*Reinaldo
Gonçalves
Apesar de os valores humanos, sociais e culturais variarem e se modificarem, ao correr do tempo e ao sabor de novos critérios, há determinadas virtudes e qualidades que jamais perderão a sua importância.
Dizer-se de uma
pessoa que tem caráter e dignidade é definir uma vontade sempre fixada no bem,
consciente dos seus deveres, dos seus compromissos e das suas
responsabilidades. Nele a palavra assume a força de um juramento, de um
contrato, de um documento.
Uma pessoa de
caráter não nasce por acaso. Não é resultado de temperamento, não é fruto de
uma inclinação natural. É trabalho de uma disciplina interna, de sacrifícios,
de atos de renúncia, de exercícios continuados da vontade, da educação dos
impulsos instintivos, das tendências.
Não se nega a
importância que os fatores hereditários, o ambiente de família, a influência do
círculo de relações sociais, podem atuar como motivações e dinâmica
catalisadora na formação da personalidade. O caráter, a dignidade é trabalho
pessoal, é resultado de nossa auto-educação.
Não é fácil este
trabalho porque cada um de nós é um complexo de qualidades negativas e
positivas em conflito. A natureza humana é mais inclinada ao comodismo, ao
prazer, ao menor esforço, e fugir de tudo que represente sacrifício,
sofrimento, dispêndio de energias. Por outra parte, a sociedade com os seus
prazeres, as suas insinuações, com todos os recursos de degradação moral, com
uma filosofia eminentemente hedonista, torna mais difícil a pessoa equilibrar-se
coerente com os seus princípios morais e suas convicções religiosas.
Platão já
definia o homem como uma carruagem puxada por dois corcéis indomáveis, cada um
tomando rumos diferentes e opostos. O homem sempre viverá neste conflito de
tendências, neste clima de luta tremenda, seja pelos impulsos das suas paixões
e tendências naturais, seja pela força das pressões externas, do ambiente em
que vive e das pessoas com que se relaciona.
É muito fácil
ser o caniço que se dobra ao menor sopro do vento. Difícil é ser árvore
altaneira que resista à fúria das tempestades e dos vendavais. Estes varões de
Plutarco vão rareando em nossos dias. E, radicalizamos, que é uma graça, quando
temos a felicidade de encontrar uma pessoa de caráter, porque seu exemplo nos dignifica
e nos enriquece humana e moralmente.
*Membro do MFC
do Amapá
Disponível:
http://www.mfc.org.br/Web/Artigos/Artigos%202010/O%20carater.htm,
acesso em 02/04/2013.
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