Em 11 de
agosto de 1993 VEJA publicou reportagem de capa sobre como os bancos
continuavam se dando bem enquanto o resto do país vivia uma gravíssima crise
econômica. De lá para cá, as principais instituições financeiras do país
continuam registrando lucros altos, algumas com recordes Entenda como o setor
vem reagindo às bruscas mudanças de ambiente econômico pelas quais o Brasil
passou nos últimos anos.
O que dizia a reportagem de VEJA:
Faz parte da tradição das grandes companhias comemorar os lucros e desculpar-se com os acionistas pelos prejuízos em seus balanços. Nos últimos dias, algumas das principais instituições financeiras do país divulgaram os resultados do primeiro semestre de 1993. Os ganhos são altos, mas os bancos pareciam meio constrangidos ao apresentá-los. Como todo mundo, gostam de ganhar dinheiro, é óbvio. Mas quanto menos se falar no assunto melhor para eles. Entre janeiro e junho deste ano, o Bradesco, o maior banco privado brasileiro, teve um lucro de 161,6 milhões de dólares. É dinheiro gordo. O Itaú, o segundo da lista, acumulou um lucro de 125,7 milhões de dólares no primeiro semestre. Mergulhou numa piscina de dinheiro 35% mais cheia que a do primeiro semestre de 1992. O Unibanco afagou 40,7 milhões neste ano, contra 29,9 milhões nos seis primeiros meses de 1992, sempre em dólares. É fascinante, espetacular, incrível. É um espanto como esses bancos conseguem ganhar dinheiro.
Faz parte da tradição das grandes companhias comemorar os lucros e desculpar-se com os acionistas pelos prejuízos em seus balanços. Nos últimos dias, algumas das principais instituições financeiras do país divulgaram os resultados do primeiro semestre de 1993. Os ganhos são altos, mas os bancos pareciam meio constrangidos ao apresentá-los. Como todo mundo, gostam de ganhar dinheiro, é óbvio. Mas quanto menos se falar no assunto melhor para eles. Entre janeiro e junho deste ano, o Bradesco, o maior banco privado brasileiro, teve um lucro de 161,6 milhões de dólares. É dinheiro gordo. O Itaú, o segundo da lista, acumulou um lucro de 125,7 milhões de dólares no primeiro semestre. Mergulhou numa piscina de dinheiro 35% mais cheia que a do primeiro semestre de 1992. O Unibanco afagou 40,7 milhões neste ano, contra 29,9 milhões nos seis primeiros meses de 1992, sempre em dólares. É fascinante, espetacular, incrível. É um espanto como esses bancos conseguem ganhar dinheiro.
Como em
todo lugar do mundo, os banqueiros nacionais ganham dinheiro cobrando juros. Na
verdade, ganham com a diferença entre os juros que pagam e os juros que cobram.
Com a inflação de 32% ao mês, eles exigem taxas muito mais elevadas que seus
colegas estrangeiros devido ao risco de o capital ser pulverizado pela
hiperinflação ou pela inadimplência de credores duvidosos, como o próprio
governo federal. Os estaduais, diga-se, são piores ainda. Assim, no governo
Collor, os bancos chegaram a cobrar uma baba de dinheiro (40% de juros reais ao
ano) pela compra de títulos públicos.
Para os
bancos, aquilo que é a maior desgraça nacional – a inflação – transforma-se
numa galinha dos ovos de ouro. Só a má-fé justificaria a afirmação de que os
banqueiros, todos eles, torcem para que o Brasil vá mais para o abismo
inflacionário, apenas para que seus lucros aumentem. Isso não impede que os
bancos façam o possível para tirar o máximo – e tiram – de uma situação que não
foi criada por eles. A rede bancária nacional passou por um emagrecimento nos
meses seguintes ao confisco dos cruzados novos no Plano Collor, voltou a
crescer e tem hoje quase o mesmo tamanho que o do início de 1990, quando a
inflação chegou a 80% ao mês.
…
Os
resultados dos bancos de 1993 até os dias de hoje:
Quando o Plano Real cortou a jugular da inflação em 1994, os analistas disseram que os bancos sofreriam para sobreviver com estabilidade financeira. Depois, previu-se que seriam engolidos pelos bancos estrangeiros, tidos como mais eficientes, modernos e adaptados à vida sem inflação. Por último, alguns especialistas estimaram que o lucro dos bancos despencaria na mesma proporção que a taxa básica de juros definida pelo Banco Central. Os balanços dos grandes bancos do país, contudo, não refletiram essas previsões. Mais de uma década depois da publicação da reportagem de VEJA, os bancos líderes do mercado formavam o setor da economia que mais rápida e eficientemente reagiu às bruscas mudanças de ambiente econômico pelas quais o Brasil passou. Mesmo com inflação relativamente baixa e eventuais cortes de juros, os lucros continuam quebrando recordes.
Quando o Plano Real cortou a jugular da inflação em 1994, os analistas disseram que os bancos sofreriam para sobreviver com estabilidade financeira. Depois, previu-se que seriam engolidos pelos bancos estrangeiros, tidos como mais eficientes, modernos e adaptados à vida sem inflação. Por último, alguns especialistas estimaram que o lucro dos bancos despencaria na mesma proporção que a taxa básica de juros definida pelo Banco Central. Os balanços dos grandes bancos do país, contudo, não refletiram essas previsões. Mais de uma década depois da publicação da reportagem de VEJA, os bancos líderes do mercado formavam o setor da economia que mais rápida e eficientemente reagiu às bruscas mudanças de ambiente econômico pelas quais o Brasil passou. Mesmo com inflação relativamente baixa e eventuais cortes de juros, os lucros continuam quebrando recordes.
De
fevereiro de 2003 até fevereiro de 2004, por exemplo, a Selic caiu 10 pontos
porcentuais. Foi de 26,5% ao ano para 16,5%. Ela é alta em termos comparativos
e quase exorbitante quando se extrai dela o item em que o Brasil é campeão
mundial, o juro real. Mas, mesmo com a queda de 10 pontos na Selic, o lucro dos
bancos cresceu no mesmo período. A comparação com os números de 1993 mostra o
grau de crescimento dessas instituições: o Itaú, que lucrara 125,7 milhões de
dólares no primeiro semestre daquele ano, fechou 2003 lucrando 3,1 bilhões de
reais – cerca de 1 bilhão de dólares. O Bradesco teve um lucro de 161,6 milhões
de dólares na primeira metade de 1993; no balanço de 2003, contou 2,3 bilhões
de reais de lucro. Os resultados são históricos quando não se leva em conta o
efeito da inflação. Em um período de Selic declinante, o lucro do Bradesco
aumentou 14% e o do Itaú, 32,6%.
Os dez maiores
bancos instalados atualmente no Brasil tiveram um lucro superior a 1000% nos
últimos dez anos. As instituições financeiras brasileiras sobreviviam
basicamente de emprestar dinheiro ao governo na era da inflação. Agora que
reencontraram a sua vocação real, de financiar o consumo e o investimento
privado, descobriram que podem ganhar muito mais. Essa fase de ouro ficou ainda
mais evidente em 2008, momento em que os maiores bancos europeus e americanos
sangraram com perdas bilionárias, resultado de apostas equivocadas no mercado
hipotecário – o que resultou na crise financeira que chacoalhou o mundo até
2009. O Banco do Brasil alcançou em 2009 o melhor resultado de sua história,
com um lucro de 10,148 bilhões de reais e crescimento de 15% em relação a 2008,
seguido pelo Itaú Unibanco – gigante resultante da fusão em 2008 – com 10,067
bilhões de reais no mesmo ano. No início de 2011, o Bradesco anunciou ter
registrado lucro de 10,022 bilhões de reais no ano passado – o terceiro maior
da história dos bancos de capital aberto brasileiros.
Tags: banco do brasil, bancos, crise, itaú, itau unibanco, lucros dos bancos, santander, unibanco
Disponível:http://veja.abril.com.br/blog/acervo-digital/economia/em-dia-por-que-os-bancos-tem-lucros-tao-grandes-no-brasil/
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