Carolina
Gonçalves
Repórter
da Agência Brasil
Brasília
Menos de 15% das leis apreciadas pelo Congresso Nacional foram propostas por
deputados ou senadores. As contas foram apresentadas hoje (20) pelo presidente
do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, e revelam, segundo ele, a
interferência do Executivo nas decisões do país.
O
Congresso é inteiramente dominado pelo Poder Executivo. As lideranças [governistas]
fazem com que a deliberação prioritária seja sobre matérias de interesse do
Executivo. Poucas leis são de iniciativa dos próprios parlamentares, disse o
ministro, durante uma palestra para alunos do curso de Direito de uma faculdade
de Brasília.
Durante o
evento, Barbosa se recusou a responder perguntas de jornalistas sobre uma crise
entre o Judiciário e o Legislativo. A possível indisposição entre os dois
Poderes começou recentemente, depois que parlamentares recorreram ao Supremo
para suspender apreciações de projetos no Congresso e foi agravada com a
proposta de emenda à Constituição que vincula decisões da Corte ao Legislativo.
Apesar de
não comentar o episódio, Barbosa destacou que todo mecanismo de controle que o
Supremo exerce ao examinar a constitucionalidade das leis está previsto na Constituição. A maneira como o Poder Judiciário
exerce o controle recíproco é através da jurisdição constitucional. Se o
Congresso aprova norma abusiva, o Supremo declara sua inconstitucionalidade,
explicou. "Permitir que isso [a decisão] seja submetido ao Congresso e a
referendo significaria o fim da Constituição, disse Barbosa. Ele destacou que o
Judiciário não tem a atribuição de legislar, mas decidir sobre o que é colocado
à mesa para avaliação da Corte.
O
presidente do Supremo afirmou que distorções no modelo político brasileiro
reforçam a necessidade de uma reforma institucional urgente. Para ele, as mudanças
no processo político devem envolver, por exemplo, a substituição do voto
obrigatório pelo voto facultativo e alterar o sistema de voto proporcional pelo
sistema de voto distrital.
Para
Joaquim Barbosa essas mudanças fariam com que os parlamentares tivessem mais
representatividade. [O modelo atual] não contribui para que tenhamos
representação clara e legítima. Passados dois anos ninguém mais sabe em quem
votou, criticou. Teríamos que dividir o país em 513 distritos, onde cada
cidadão votaria em quem conhece, completou.
Edição:
Denise Griesinger
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Disponível:.jusbrasil.com.br/noticias/100522676/joaquim-barbosa-critica-sistema-politico-brasileiro-e-defende-reforma-do-modelo-eleitoral,
acesso em 21/05/2013.
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